Revistas científicas acusam laboratórios de distorcer pesquisas de remédios | BBC Brasil – “metade delas é falsa”. 10.09.2001 

Fonte: Revistas acusam laboratórios de distorcer pesquisas de remédios | BBC Brasil

Revistas acusam laboratórios de distorcer pesquisas de remédios

Novos remédios podem esconder outros efeitos

O resultado de pesquisas e análises de novos medicamentos estão sendo distorcidos e publicados em revistas médicas, de acordo com os editores destas publicações.

Onze das mais conceituadas publicações científicas afirmam que os interesses comerciais estão levando a distorções das pesquisas e, em alguns casos, os benefícios dos novos remédios são ampliados enquanto que os efeitos colaterais, escondidos.

As revistas ameaçaram que, a não ser que as análises sejam comprovadamente independentes, os resultados não serão publicados, para proteger os pacientes.

A lista de publicações que está alertando para o problema inclui a revista britânica The Lancet, a Revista da Associação Médica Americana, a Revista da Associação Médica Canadense e a Revista Holandesa de Medicina.

Exemplos

Segundo o editor da revista The Lancet, Dr. Richard Horton, todos os editores já viram exemplos de análises de remédios em que os interesses dos pacientes foram deixados de lado, para beneficiar as grandes companhias farmacêuticas.

Em um caso citado por ele, pacientes morreram depois de um efeito colateral causado por um remédio. Estes efeito foi supostamente desprezado pelos autores da pesquisa.

Entretanto, a Associação da Indústria Farmacêutica Britânica, afirma que as pesquisas na Grã-Bretanha são conduzidas com altos padrões éticos e independência.

Rejeição

Nove entre dez revisores das revistas afirmam que as pesquisas que eles recebem geralmente pendem para o lado dos novos medicamentos e metade destas pesquisas precisam ser rejeitadas. Outras, precisam ser reescritas antes de serem publicadas.

Dr. Horton, editor da The Lancet, reconhece que as pesquisas de novos medicamentos são caras, a média de custo para colocar um novo remédio no mercado é de U$ 500 milhões (R$ 1,29 bilhões).

Mas ele afirma também que é muito importante as companhias farmacêuticas tomarem mais cuidado.

“Não teremos avanços na medicina se as companhias farmacêuticas não investirem em novos remédios. Mas é preciso levar em conta o interesse do paciente”, disse.

O Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas tornou mais severos os critérios para a publicação de pesquisas.

De acordo com o comitê não serão publicados artigos baseados em estudos que foram conduzidos sob condições que permitem aos responsáveis pela pesquisa ter total controle das informações e resultados.

O comitê ainda afirma que estas pesquisas, quando publicadas por conceituadas revistas médicas, podem levar a “substanciais ganhos financeiros” para as companhias.

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Fonte: Revistas acusam laboratórios de distorcer pesquisas de remédios | BBC Brasil

Revistas acusam laboratórios de distorcer pesquisas de remédios
Novos remédios podem esconder outros efeitos
Novos remédios podem esconder outros efeitos

O resultado de pesquisas e análises de novos medicamentos estão sendo distorcidos e publicados em revistas médicas, de acordo com os editores destas publicações.

Onze das mais conceituadas publicações científicas afirmam que os interesses comerciais estão levando a distorções das pesquisas e, em alguns casos, os benefícios dos novos remédios são ampliados enquanto que os efeitos colaterais, escondidos.

As revistas ameaçaram que, a não ser que as análises sejam comprovadamente independentes, os resultados não serão publicados, para proteger os pacientes.

A lista de publicações que está alertando para o problema inclui a revista britânica The Lancet, a Revista da Associação Médica Americana, a Revista da Associação Médica Canadense e a Revista Holandesa de Medicina.

Exemplos

Segundo o editor da revista The Lancet, Dr. Richard Horton, todos os editores já viram exemplos de análises de remédios em que os interesses dos pacientes foram deixados de lado, para beneficiar as grandes companhias farmacêuticas.

Em um caso citado por ele, pacientes morreram depois de um efeito colateral causado por um remédio. Estes efeito foi supostamente desprezado pelos autores da pesquisa.

Entretanto, a Associação da Indústria Farmacêutica Britânica, afirma que as pesquisas na Grã-Bretanha são conduzidas com altos padrões éticos e independência.

Rejeição

Nove entre dez revisores das revistas afirmam que as pesquisas que eles recebem geralmente pendem para o lado dos novos medicamentos e metade destas pesquisas precisam ser rejeitadas. Outras, precisam ser reescritas antes de serem publicadas.

Dr. Horton, editor da The Lancet, reconhece que as pesquisas de novos medicamentos são caras, a média de custo para colocar um novo remédio no mercado é de U$ 500 milhões (R$ 1,29 bilhões).

Mas ele afirma também que é muito importante as companhias farmacêuticas tomarem mais cuidado.

“Não teremos avanços na medicina se as companhias farmacêuticas não investirem em novos remédios. Mas é preciso levar em conta o interesse do paciente”, disse.

O Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas tornou mais severos os critérios para a publicação de pesquisas.

De acordo com o comitê não serão publicados artigos baseados em estudos que foram conduzidos sob condições que permitem aos responsáveis pela pesquisa ter total controle das informações e resultados.

O comitê ainda afirma que estas pesquisas, quando publicadas por conceituadas revistas médicas, podem levar a “substanciais ganhos financeiros” para as companhias.